Imagem do Filme A Garota Dinamarquesa. |
A
resposta para um novo amanhã.
Cansada em seu quarto, mas ansiosa, Lili assiste mais um dos seus românticos filmes de amor, que de costume são reproduzidos quase toda as noites na tela de seu computador, o responsável pelas lágrimas que se limitava a sentimentos extremos, acompanhada de dores que sentia ao ver o seu suposto futuro de tristeza que foi condicionado em sua mente por si mesma.
Lili
é uma garota de olhos castanhos, esbelta, com a pele suave e emotiva como as
rosas e ao mesmo tempo resistente como o cacto mais vigoroso do deserto. Lili
nasceu em uma noite de sexta-feira perante ao inverno do centro- oeste do país,
e seu próximo aniversário se realizará pela terceira vez em uma sexta-feira.
Filha de pai conservador e mãe liberal, isso seria igual a uma batalha que Lili
teria de travar para conhecer o novo, e se desapegar do velho que não sabia que
não mais fazia muito sentido.
Desde
a infância, fornecia visíveis traços de uma garotinha emotiva, sensitiva e
especial, sim! Ela era especial, especial por se diferenciar das outras meninas
de sua idade que obtinha o que ela mais deseja e temia, a coragem! Desejava
porque adorava o novo, mas o novo era estranho para ela, e as pessoas lhe
causavam medo, medo talvez porque nunca tinha visto muitos rostos, ou falado
com muitas pessoas, Lili na sua infância tinha número limitado de pessoas que
já estava acostumada a ver, e as mesmas já tinham convivência a longo prazo com
ela, quando uma nova pessoa lhe era apresentada, ela se escondia, com medo! Com
medo de quem não conhecia, mas hesitava, e logo descartava a possibilidade de
pegar a chave que lhe oferecia a oportunidade de conhecer um novo eu. As
pessoas que a conhecia refletia se seria possível Lili se abrir aos que lhe
eram estranhos, pois a “normalidade” lhe era exigida pela sociedade, e se não o
fizesse era conhecida como uma menina estranha, ou problemática, talvez
estivessem certo de que lhe era diferente, mas a garota tinha a mais perfeita
saúde, que lhe devia ser mantida e cuidada pois seu corpo era sensível.
Amadureceu, cresceu como uma videira
no inverno e não deixou de ser especial, agora mais que nunca era a menina que
passou a ser obrigada a vencer seus próprios medos, pois sabia que a vida lhe
exigia isso, mas por um lado se sentiu maravilhada ao lembrar que agora seria
capaz de conhecer o novo, mas não um novo alguém, isto é, até se apaixonar, mas
Lili percebeu uma indiferença em si mesma e passou a partir daquele momento a
se questionar, a questionar a vida e quem era ela mesma, lhe surgiu diversas
dúvidas cuja as respostas poderiam lhe levar a um sombrio caminho sem luz e
logo a falta de esperança, junto à ela, a própria vida. Ela pesquisou, leu
livros incansavelmente em busca de suas repostas e todos os dias perdia mais
esperança, a vontade de viver, pois chegou a uma nova pergunta cuja a maioria
das respostas não lhe agradavam, então ao dormir, triste e cansada por não
encontrar outras senão as mesmas respostas, chorava silenciosamente em sua
larga e aconchegante cama, que agora tinha se tornado inanimada, não foi só as
coisas simples que perdeu a vida, o mundo lhe tinha se tornado sem cor, mesmo
assim, ainda lhe restava esperança, e o pouco de forças que ainda tinha,
utilizara para buscar uma resposta que lhe fizesse sentido, pois a cada dia
sobre a primeira nova pergunta que lhe tinha feito a si mesma, aos poucos foram
florescendo como em uma primavera outras indagações. Se perguntava: – Deus me
ama? Ele me odeia? Por que? Ele existe? O que é o amor? Ele é capaz de amar? Realmente
me condena por amar? Me permite amar, mas existe uma forma de amor especifica?
Aos
poucos, Lili foi lendo cada vez mais e mais, assistindo vídeos, filmes e ouvindo
comentários de vida empíricos, até sair de uma certeza sem sentido, e chegar a
uma razão. Agora, mais do que nunca, se sentia viva, e esplendidamente feliz,
por saber que não era a culpada de amar uma mulher.